OS ANJOS DA GUARDA – 2ª PARTE
Nesta segunda conferência do terceiro bloco, procuraremos analisar detidamente o equilíbrio salvaguardado por Deus entre, de um lado, o extraordinário poder da ação angélica sobre o homem e, de outro lado, o respeito à integridade do livre arbítrio do mesmo homem.
3) Influência angélica e livre arbítrio
Estamos na confluência de uma luta encarniçada entre poderes superiores: os anjos, que querem ajudar a nos salvar, e os demônios que querem de todo jeito nos perder.
Deus nos protege com seus anjos: desastres evitados, avisos, pressentimentos, premonições, movimentos bons, percepções boas… são freqüentemente efeitos (às vezes imperceptíveis) do anjo que sussurra e guia.
De modos diferentes Deus exerce seu governo por meio dos anjos: sobre os seres irracionais, age sem resistência; sobre os demônios, age com tirania; sobre os homens, estimula respeitando sempre seu livre arbítrio.
Por isto é especialmente importante entender o papel da liberdade humana no processo da tentação; é útil analizar a primeira tentação (Gn 3,6), que é uma filmagem em câmara lenta do pecado dos nossos primeiros pais.
Existe um tríplice limite na ação dos demônios: sua natureza (não fazem milagres), nossa liberdade (sempre inviolada), e a vontade reguladora de Deus (à qual os demônios estão sujeitos). Porquanto nem mesmo todos os demônios juntos poderiam forçar a pecar o mais fraco dos homens.
De dentro de nós mesmos, a maior aliada dos demônios é nossa concupiscência (as más inclinações, que provêm do pecado original), mas os anjos bons também procuram ajudar-nos agindo sobre nossos sentidos.
Por isto é então na manipulação secreta de nossos sentidos que mais agem os anjos e os demônios: iluminam, exortam, agem na imaginação, produzem reações. Daí a importância de sabermos discernir e diferenciar a ação do anjo, de um lado, da ação do demônio, do outro.