A imortalidade é o caráter daquilo que não pode morrer. Tradicionalmente, a imortalidade tem sido associada sistematicamente a todo ser espiritual (os anjos, e a alma humana), já que a morte consiste na última corrupção do ser, aquela que resulta finalmente na separação da forma da matéria; ora, carecendo os seres espirituais de qualquer matéria, não pode neles ocorrer corrupção. O debate muda, portanto, de foco: em vez de falar em morte, falar-se-ia em destruição. Mas então, pode um espírito ser destruído? A destruição de um ser espiritual só pode consistir em voltar ao nada, e isto é privilégio exclusivo de Deus. Resta saber se Ele pode querer isto. Com efeito, embora Deus, absolutamente falando, tenha poder para isto, Ele nunca o fará, porque infringiria as leis que Ele mesmo estabeleceu. De fato, os espíritos têm um destino eterno, determinado pelo uso que fazem de seu livre arbítrio, o qual Deus respeita durante o período de prova, para depois – encerrado este – premiar ou castigar. Logo, se deduz que os seres espirituais, embora não sejam absolutamente imortais por natureza, o sejam por graça de Deus, isto é, por concessão de sua divina providência e infinita sabedoria.