“Olhos que não vêem, coração que não sente…” O famoso ditado põe em termos aquilo que todos nós sabemos: aquilo que não está debaixo dos nossos olhos, constantemente, acaba muitas vezes no esquecimento. Se isto é verdade em relação àquilo que a gente conheceu e depois não viu mais… o que dizer dos Anjos, que a gente nunca viu, nunca ouviu, nunca sentiu… porque, como vimos no último programa, eles são puros espíritos, não têm corpo. Não seria então mais fácil, simplesmente, acreditar que eles não existem?
Frente à manifesta falta de substância das hipóteses totalmente fantasiosas que têm aparecido a respeito dos anjos, ou simplesmente por não acreditarem na Revelação, os ateus – e, com eles, grande parte dos racionalistas – optarão pela incredulidade; assim, todos aqueles que só admitem a existência de seres materiais (só acreditam no que vêem) vão negar rotundamente a existência dos anjos.
Por outro lado, uma simples pesquisa no Google lhe permitirá constatar o quanto outra parte do mundo associa os anjos a forças astrais ocultas, energias cósmicas e outros disparates, misturando-se – ao bel prazer da fantasia – com práticas esotéricas como o tarô, búzios, horóscopos e outros, proclamando solenemente qual é o anjo do mês, ou qual é a cor de seu anjo da guarda.
Recuperar a verdadeira essência do mundo angélico, e estudar seu sentido bem como as relações que estabelece com homens, é pois de fundamental importância para manter o difícil equilíbrio da fé esclarecida entre a credulidade ingênua e o materialismo obstinado, num mundo onde ambos extremos tendem a se radicalizar.
Curiosamente, nada disto é novo. Já no Novo Testamento encontramos como, por um lado, muitos gregos não acreditavam na ressurreição nem na vida futura (At 17,32); e esta mentalidade tinha influenciado tanto os próprios judeus que, dentre estes últimos, havia um conjunto chamado de saduceus, os quais levaram sua incredulidade ao ponto de discutir com Nosso Senhor (Mt 22,23-32), procurando ridicularizá-lo. E, por outro lado, vemos também São Paulo combatendo entre os mesmos gregos os desvios do culto aos anjos (Cl 2,18), que consistia numa veneração exagerada inspirada em erros gnósticos (Cl 2,8).
No caos doutrinário do mundo moderno, causado pelo entrechoque de filosofias muitas vezes contraditórias, presta-se pouca atenção ao dado de fé da existência dos anjos. Segundo o Pe. Armando Bandera, grande teólogo dominicano a quem corresponde introduzir algumas das questões sobre os anjos da Suma Teológica de São Tomás, na edição da BAC, esta perda de atenção faz que os próprios teólogos se sintam acanhados… Diz ele:
“Em nossos dias, os teólogos têm medo de falar dos anjos. Parecem temer que dedicar-lhes atenção seria algo como perder-se em abstrações ou evadir-se rumo ao mundo do irreal e despreocupar-se dos graves problemas que a sociedade enfrenta 1”.
Segundo este autor, uma das mais influentes causas desta situação seja um antropologismo exagerado que “invade” todos os campos do saber. À força de insistir tanto no homem, os olhos se fecham a tudo o que não seja o próprio homem e seus interesses… e se introduzem cortes na realidade.
Como evitar seguir idéias fantasiosas, e contudo acreditar nas realidades da fé que nossos sentidos não alcançam? Onde encontrar a posição de equilíbrio? Existem argumentos racionais que nos ajudem a conhecer os anjos? Que elementos, que fundamentos, que bases podemos encontrar? Este é o tema do próximo artigo. Acompanhe aqui o conteúdo da matéria na íntegra, e continue conosco, até a próxima semana… “sob a proteção dos Santos Anjos”!
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NOTAS ————————————————————
1. Armando Bandera González, Introdução às questões 50 a 64, pp. 489 e 491.
Grato