Do grego, “theos” (Deus), o teocentrismo é um sistema de pensamento que visa analisar, julgar e valorizar tudo em função de Deus, porque considera Deus o autor de tudo, e por isto mesmo também o último fim de todas as coisas. Coloca, pois, a Deus no centro de tudo, o que naturalmente tem múltiplas conseqüências, como o reconhecimento da autoridade dele sobre os homens, a existência de um plano divino, e portanto de ter sido estabelecida uma lei moral absoluta, que não é legítimo transgredir. Presente já em algumas escolas gregas de pensamento, o teocentrismo se estabeleceu universalmente com o advento da era cristã, e se tornou especialmente forte na época medieval, primeiro graças à Patrística, e depois com a Escolástica. Com o humanismo, entretanto, a figura do homem foi ganhando espaço, até suplantar o teocentrismo católico de modo quase completo com o antropocentrismo, cuja investida mais radical tomou forma com o existencialismo ateo e relativista. É de se notar, contudo, que o teocentrismo não é incompatível com determinada forma de antropocentrismo: aquele que afirma existirem as coisas materiais para que o homem, usando delas, possa melhor cumprir sua missão a serviço de Deus; com efeito, fica evidente que nesta concepção Deus fica no centro de tudo, de modo absoluto, enquanto o homem fica no centro da criação material, e apenas de modo relativo, enquanto executor da suprema vontade Deus.